quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Meus Contos!!!

Viaje de um Verão (In)Consciente

Em uma bela manhã de domingo, como outra qualquer, estava eu costumeiramente a realizar minhas peripécias do final de semana, quando o telefone toca:  - trim, trim, trim; era um amigo dizendo que necessitava urgente de um bate-papo, não me fiz de rogado e fui ao seu encontro. Sentamos em baixo de uma árvore que ficava no seu quintal, aquela altura era visível uma tensão em seu rosto que contrastava com a paisagem que avistávamos, afinal era um belo dia onde o sol brilhava intensamente e as nuvens parecia haver ter se escondido, pois não havia uma sequer no céu, o firmamento era só contemplação como se estivesse a espera daquela conversa.
Meu amigo fixou o olhar, senti uma apreensão, quando em um estado de êxtase balbuciou: - fiz uma viagem! Logo retruquei, caro amigo mais qual o motivo de tamanha tensão?  Ao passo que ele respondeu-me, fazendo a seguinte descrição:
- Arrumei as malas, tranquei a porta, parti. Foi tudo muito depressa, disse-me ele. Muitas paradas, o caminho era longo. Gastei muitos sapatos, enxuguei algumas, lágrimas, outras apanhei pelo caminho, não havia valido a pena,  por isso não as podia mais deixar ali esquecidas ao chão. Meu coração nessa hora bateu forte, meu amigo falava-me de uma viagem a qual não estava compreendendo, de uma estrada que o espaço e o tempo parecia não existir, pois bem, ele prosseguiu:
- Revi amores, uma pausa, reconstruir cousas perdidas, um olhar aliviado, limpei paredes pinchadas por palavras que só se encontram nos "pequenos frascos", aquelas as quais os significados perturbam nosso organismo por parecerem eternas.
Continuou ele:
- A princípio parecia-me uma ida sem volta, mais algo dava-me a certeza que os lugares por onde passava já haviam sido habitados por mim. Sofri com o silêncio, como se as fotografias que fora tiradas e expostas naquele álbum trouxesse-me recordações dolente, mais eu quis seguir. Avistei um belo jardim, senti paz, sorri e percebi que minha viagem logo, logo, se transformaria em longa aventura de perfídia e desilusão.
Neste instante vi meu amigo parar, como se quisesse regressar, lacrimejou e deu seguimento expressando-se assim:
- Oof! ufa!
Era um suspiro de cansaço e dor, não entendia como uma simples viagem pudesse causar tanta desconforto alguém. Ouvia atentamente cada palavra, não emitia nenhum parecer, não me cabia, afinal estava ali apenas para ouvi-lo.
Seguindo seu percurso meu nobre amigo deflagrou:
- Ouvi o galo cantar, o despertador tocar, a canção errada no radio de pilha a sussurrar e a rotina diária a me esperar.
Uma sensação frustrante sondou-me naquele momento, ora, queria saber aonde ele havia chegado, provoquei-lhe pedindo que me contasse o que mais ocorrera, foi quando dei-me conta que meu amigo apenas havia sonhado, ele no mesmo instante tratou de afirmar que não era sonho e que estava mui bem acordado, então percebi que a  caminhada a qual tanto falava era real e que se tratava de uma viagem da'lma, de verões (in)consciente, de sonhos engavetados e de um passado presente.
O admirei pela coragem, dei-lhe dois tapinhas nas costas e o encorajei a continuar, pois vi nos seus olhos que as malas ora feitas no começo de sua expedição ainda continuavam prontas e que sua história convidava-o a prosseguir aquela via e que dela dependia a liberdade do cárcere de sua solidão.
Levantei, verifiquei as horas e para nosso espanto era 14h00m.             
Autor: Sandro Gomes






Coisa de Criança

Na agitada rotina daquela escola, ouve-se gritos, risadas, palavrões, tapas, empurrões. Doces meninos e meninas vão e vem. Franzinos, espertos, marcados e até solitários, no mundo por eles criado ou mesmo fantasiado em cores ou preto e branco daquele belo lugar. Quem são estes meninos? Que histórias tem apra contar? E quem há de escutá-los? Quem os ouve há de se alegrar, ou mesmo enraivar por vê as doces crianças grandes como as de cá.

Meninos, o que estão a contar, pergunto inocente sem pode imaginar que naquela roda agitada iria me espantar, por vê-los tão pequeninos não poderia imaginar que a resposta viria, e até me engasgar. Disse aquele menino que a camisinha queria usar. Dei um passo atrás, e vejam que me espantei, ouvindo aquela resposta, logo retruquei, e fazendo-me de bobo então lhes perguntei: - O que diacho é camisinha? Respondam-me que eu não sei.
Atrevido foi aquele pequenino, franzino, porém crescido, e pensem o que ele fez...?
Autor: Sandro Gomes


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Minhas Poesias

Casa de Vidro: Vida
Autor: Sandro Gomes

 

Em solo estrangeiro ela nasce
Simples, pura, límpida e até inocente
Em tons reias, a Casa de Vidro: Vida
Cresce, floresce, planta, colhe e, enfim padece.


Às vezes chora, outras ri.
Segue o percurso entre lutas de guerra e paz
De sonhos capitais
Que vida traz e que as vezes se desfaz.


Entro, mergulho, sinto medo
Nesta Casa de Vidro que se chama vida
Imagens percorrem-me o mundo subterrâneo
Lembranças que povoam pensamentos.


Olhos como espelhos
Que enganam, mentem, revelam coragem e medo
Perco-me em pensamentos ditados por alguém
Jogo de vaidades, não refletem verdades, agora eu sei.


Triste imperfeição que faz doer o coração
A Casa de Vidro: Vida é só ilusão
Paredes rabiscadas em letras vernáculas
Veem-se vidas entrelaçadas


Sonhos inativos
Desejos ardentes e insanos que refreei, sufoquei!?
Rabisquei, tranquei
No porão da Casa de Vidro os deixei.

Passados
Prefiro deixá-los impenetravéis
Apenas como saudades
Num relicário com chaves que se perdeu de mim.


Um velho olhar
Um triste adeus
Um longo fim
Na Casa de Vidro: Vida há medo em meu jardim.


A Rosa Cristalina disse adeus para mim
A Casa de Vidro: Vida agora é solidão
Parceiras inseparáveis
Donas de seu coração.


Esperança Revisitada
Autor: Sandro Gomes

Noite translúcida
Manhã sublime de raios fortes e transparentes
Sorriso de encanto sonhador
Onde te escondes que não vejo
Ah!
Lá esta tu
Tão distante e tão próximo
Oculto, claro, transeunte
Fogo intenso, chama pérfida
Fumegante
De onde viestes?
Do céu onde as estrelas estão a brilhar?
Do mar onde a profundidade chega à assustar?

Oh! verde
Que minh'alma anseia
Deserto que queres povoar
Será?
Brisa frígida
Fazes-me pulsar
Paz inquieta
Singular
Sonhos adormecidos
Tu estais a despertar
Órgão pulsante
Vivo a sangrar
De esperança que na terra árida
viestes derramar.



(RE)Construção
Autor: Sandro Gomes

Suspiro!
No horizonte
Um olhar tecido de cores
Alma inquieta
A procurar-te pela calçada


Ânsia
Solidão
Frustação
Fragilidade
Decisão


Contrários
Que despertas em mim
Desejos
De flores e de aço
Metamorfose
Essência da minha personalidade


Rouba-me
Beleza insondável
Rompe-me
A lápide do esquecimento
Toca-me
Prazer delicado


Epifania
Costurada no silêncio do coração
Chuvas torrenciais
Que embalam nossos destinos
Felicidade
Banhada de razão e sensibilidade


Retratos
Fotografias
Imagens
Lembranças
Vazios


Ausência
Deserto que o broto virou flor
Retalhos interiores

Enfeitam a varanda do sobrado
Que um dia eu VI ruir
E hoje estás a (RE)constuir.



Alma
Autor: Sandro Gomes

Teus sons invadem meu templo
Abrigo da predileção
Invólucro da existẽncia
Território prometido
Entrelaçado pela dor e pelo o amor


Solo Santo!
Ipê florido em tempo de inverno
Trilha sonora
Composta de silêncios e pausas
Estrada de sabedoria!


Lugar de proteção
De repouso
De significados
De buscas
Conjunto de felicidades!


Caminho aberto
Êxodo paradoxal
De Amor que há em nós
Tessitura dos sons que habitam 
O cosmos e o silêncio: Do Coração.